sexta-feira, 20 de março de 2015

Março de 2004







O casamento na igreja foi no dia 6 de março, dia de visita no Lar.  Fomos eu o Odair, a Camila no período da manhã, voltamos depois do almoço. Chovia muito, ninguém  acreditava que o casamento seria as 19 horas e as l6 ainda estávamos lá, saímos chorando por ter que deixa-la.
Me arrependi  muito de não ter insistido mais  com a diretora, para que ela  tivesse dado autorização para a saída da Natacha no dia da cerimônia religiosa, mas fiquei com muito receio de não dar conta dos convidados e de uma criança que não conhecia muitas pessoas, nesta época ela ainda era um pouco arredia com quem não tinha tido contato, ela só ficava bem comigo e com a Camila, tinha receio com o sexo masculino, isto é  devido a ausência de homens no lar e na creche, mas com o passar do tempo isso foi diminuindo.
No final de semana após o casamento agendamos a saída da Natacha, ninguém imagina as peripécias que fazíamos para que conseguíssemos agendar sempre a mesma criança. Esse agendamento era feito geralmente nas sexta feira, eu ficava em casa e a partir das 8 horas da manhã hora que a diretora chegava, ligava insistentemente para o lar, para não dar oportunidade de mais ninguém  querer  pegar a Natacha. Por várias ocasiões a Camila chegou a ir ao lar às 6 horas da manhã para ser uma das primeiras a fazer o agendamento.

Fevereiro de 2004


Neste mês nossa casa estava muito agitada, com a proximidade do casamento da Camila. No lar houve mudanças, as visitas que antes eram uma vez por mês agora passou para 2 vezes, no primeiro e no segundo sábado do mês.

 Nós éramos a única família que fazíamos as duas visitas, íamos pela manha e a tarde. Fizemos muitas amizades por lá, a Dani, psicóloga a Tia Rute, uma pessoa muito agradável e simpática, a Val, a Leo. Ajudávamos a dar almoço para as crianças e já nessa época tínhamos que sair escondidos para que ela não chorasse, nunca vou esquecer quando esticando os bracinhos  pedia   para que nós a levássemos pra casa.

 Dessa nossa história de amor, com certeza essa é uma das partes mais tristes que até hoje lembro com muita amargura. Bem continuando, além da saída normal do mês, conseguimos uma autorização para que saísse no sábado dia do casamento da Camila no civil.

 Comprei roupas novas, aliás, nesse período já tínhamos uma gaveta com roupas que minhas amigas davam de presentes para a Natacha, e que eu e a Camila  não resistíamos e comprávamos,quando a levávamos de volta ao abrigo colocávamos as roupas de lá.

No dia seguinte outro sofrimento, devolve-la para o Lar, muitas vezes me passou pela cabeça sumir com ela, ir para bem longe onde ninguém soubesse quem éramos nós, mas ainda bem que foi só um pensamento, nesses casos tudo tem que ser feito dentro da lei  para que o resultado seja satisfatório.






sexta-feira, 13 de março de 2015

Janeiro de 2004

Em Santo André havia um projeto chamado Familia Solidária, que consistia em se cadastrar no abrigo, e poder pegar crianças institucionalizadas  em determinados fim de semanas, festas etc...
Em janeiro eu me cadastrei, minha amiga Vanisse  também .A diretora do abrigo não permitia que pegássemos sempre a mesma criança para não criar vínculos afetivos, como se isso fosse possível. Todas aquelas crianças que  viviam no abrigo eram muito carentes e a cada visita que  era realizada sempre aos sábados, dezenas de braços se esticavam implorando um carinho, um afeto, é de cortar o coração
Eu o Odair e a Camila íamos nos dois horários de visita de manhã e a tarde, brincávamos com todos do berçário, as vezes ajudávamos a dar o almoço, mas nosso  foco era ver nossa menina.
Neste mesmo mês nós a pegamos para passar férias em nossa casa, o agendamento era feito nas sextas feira pela manhã , por telefone ou pessoalmente, por diversas vezes íamos as 5 horas da manhã para sermos a primeiras a agendar, uma loucura, mas que valia a pena.
O duro era na hora de leva-la de volta ao Lar(abrigo), íamos e voltávamos chorando, nosso amor pela Natacha amadureceu muito rápido e intensamente.
O pensamento da adoção também amadureceu rapidamente ,uma noite qualquer de uma segunda feira, voltei do trabalho dei jantar para meu marido e fiquei de costas na pia lavando louça e com uma tristeza profunda que eu bem sabia o que era .Na noite anterior deixamos nossa pequena no abrigo e de fora ouvíamos seus gritos chamando por nós e a lembrança desses momento até hoje me fazem faltar o ar.
Sem esperar meu marido tirou do bolso da camisa o telefone do conselho tutelar e me disse:
Vamos adota-la?????
Fiquei pasma, com a proposta, parece que ele leu meus pensamentos.
Na mesma semana eu e a Camila fomos até o Setor Técnico do Fórum( é onde trabalham a assistente Social e as psicólogas), nessa época esse setor era em outro local, não ficava dentro do Fórum.
Conversei com a Assistente Social e sai de lá super desanimada, a Veronica me disse que a Natacha não estava disponível para adoção, não sabia o que isso queria dizer.Disse-nos também que seria impossível porque ela estava na idade preferida pelos casais adotantes (1 ano e 9 meses), era branca e menina, e nós sequer estávamos habilitados no Cadastro, também não sabíamos nada sobre isso.
Eu  sempre digo que Deus articula as coisas na nossa vida como se fosse uma teia de aranha, ele vai dando as dicas, coloca pessoas em nosso caminho com um objetivo.Desde que optamos pela adoção da Natacha, eu ligava a tv e la vinha uma reportagem sobre o tema, abria o jornal e lá estava uma reportagem, sou cooperada da Coop e tenho o hábito de pegar as Revistas da Coop e lá estava uma reportagem sobre ADOÇÃO , li e em seguida liquei para a redação da revista e me deram o telefone da Maria Inês, uma assistente Social  voluntária do Grupo de Apoio a Adoção Laços de Ternura e que trabalhava na Feasa. Ficamos mais de uma hora no telefone, onde recebi as primeiras instruções de como proceder .Comecei a participar das reuniões e através de uma advogada competentíssima entrei com a papelada e passei por todos os tramites de cadastro
.Começava ali uma batalha

quinta-feira, 12 de março de 2015

um pouco da minha vida

Sou casada ha 40 anos com o Odair,tivemos três filhos, Leo ,Re e Camila
No ano de 2003 eu trabalhava em uma loja no shopping e meus três filhos ja eram adultos
Minha filha que era a caçula, trabalhava em uma creche e se afeiçoou muito com uma menininha Natacha, e me dizia que no Natal e Ano Novo daquele ano iria traze-la pra casa para passar as festas.
Ela tinha na época 1 ano e nove meses, ainda tomava mamadeira e usava fralda .Em principio disse que não queria achando que meu marido não fosse gostar e lembro bem do que disse pra ela, que nem iria olhar pra carinha dela, meu medo era me apegar, mas logico que não aconteceu assim, cheguei tarde da noite do trabalho e a pequena estava dormindo em um colchão no chão ao lado da minha cama.
Foi ai que tudo começou, em uma casa com 6 adultos, pois minha filha Camila iria casar logo no começo do ano de 2004 e seu noivo frequentava nossa casa sempre, a chegada de uma criança tudo virou de pernas para o alto.
Quando a vi achei que ela não era muito bonita, seu cabelo era muito crespo, falava muito alto quase gritando, cantava muito e era de uma simpatia e um sorriso que a todos cativou
.Depois de uns dias minha opinião sobre a beleza dela já havia mudado ,o que estampava no rosto era apesar do sorriso largo era a TRISTEZA de alguém sem afeto  e sem carinho.
Nesta primeira visita ela ficou aqui em casa uns quinze dias, não participei muito da convivência dela devido ao meu trabalho, mas o AMOR de mãe para filha começou ai mesmo
.Esta foi a primeira vez que coloquei os olhos na minha filhota, tenho razão ou não, esse sorriso que perdura ate hoje è muito lindo.
 

Explicações aos leitores

Quero pedir desculpas pelo tempo que meu blog ficou sem novas postagens.
No final de 2013 mais um integrante da minha família veio ao mundo, minha primeira neta Talita(foto abaixo)
Esta com ela no colo e querida Tia Nana(minha filha Natacha), as duas se amam muito
Ser avo é extraordinário, e´um amor indescritível, mas na mesma proporção è um trabalho árduo, ela fica todas as manhãs aos meus cuidados, frutinha, suquinho as sopinha, o banho e o sono, depois vai a tarde para a escolinha pois minha filha e professora em duas escolas diferentes, por isso ficou muito difícil para  sentar e continuar as postagens, a tarde meu tempo eu dedico a  Natacha.
Resolvi nesse recomeço contar novamente um pouco da historia da minha adoção.
Logo que conheci a Natacha comecei a escrever nossos encontros, as vindas dela a nossa casa, enfim transcrevi tudo porque como não sou jovem, a memoria vai ficando fraca, e quero que ela quando crescer saiba como tudo começou.
Depois de alguns anos passei tudo para o computador, ilustrando com fotos da época, e imprimi fazendo como se fosse um livro.
As vezes pego esse livro e o releio e sempre me comovo com tudo que passamos, ate a adoção definitiva.
Portanto a partir de amanhã começarei meu relato, so não colocarei alguns nomes reais por motivos óbvios.