sexta-feira, 13 de março de 2015

Janeiro de 2004

Em Santo André havia um projeto chamado Familia Solidária, que consistia em se cadastrar no abrigo, e poder pegar crianças institucionalizadas  em determinados fim de semanas, festas etc...
Em janeiro eu me cadastrei, minha amiga Vanisse  também .A diretora do abrigo não permitia que pegássemos sempre a mesma criança para não criar vínculos afetivos, como se isso fosse possível. Todas aquelas crianças que  viviam no abrigo eram muito carentes e a cada visita que  era realizada sempre aos sábados, dezenas de braços se esticavam implorando um carinho, um afeto, é de cortar o coração
Eu o Odair e a Camila íamos nos dois horários de visita de manhã e a tarde, brincávamos com todos do berçário, as vezes ajudávamos a dar o almoço, mas nosso  foco era ver nossa menina.
Neste mesmo mês nós a pegamos para passar férias em nossa casa, o agendamento era feito nas sextas feira pela manhã , por telefone ou pessoalmente, por diversas vezes íamos as 5 horas da manhã para sermos a primeiras a agendar, uma loucura, mas que valia a pena.
O duro era na hora de leva-la de volta ao Lar(abrigo), íamos e voltávamos chorando, nosso amor pela Natacha amadureceu muito rápido e intensamente.
O pensamento da adoção também amadureceu rapidamente ,uma noite qualquer de uma segunda feira, voltei do trabalho dei jantar para meu marido e fiquei de costas na pia lavando louça e com uma tristeza profunda que eu bem sabia o que era .Na noite anterior deixamos nossa pequena no abrigo e de fora ouvíamos seus gritos chamando por nós e a lembrança desses momento até hoje me fazem faltar o ar.
Sem esperar meu marido tirou do bolso da camisa o telefone do conselho tutelar e me disse:
Vamos adota-la?????
Fiquei pasma, com a proposta, parece que ele leu meus pensamentos.
Na mesma semana eu e a Camila fomos até o Setor Técnico do Fórum( é onde trabalham a assistente Social e as psicólogas), nessa época esse setor era em outro local, não ficava dentro do Fórum.
Conversei com a Assistente Social e sai de lá super desanimada, a Veronica me disse que a Natacha não estava disponível para adoção, não sabia o que isso queria dizer.Disse-nos também que seria impossível porque ela estava na idade preferida pelos casais adotantes (1 ano e 9 meses), era branca e menina, e nós sequer estávamos habilitados no Cadastro, também não sabíamos nada sobre isso.
Eu  sempre digo que Deus articula as coisas na nossa vida como se fosse uma teia de aranha, ele vai dando as dicas, coloca pessoas em nosso caminho com um objetivo.Desde que optamos pela adoção da Natacha, eu ligava a tv e la vinha uma reportagem sobre o tema, abria o jornal e lá estava uma reportagem, sou cooperada da Coop e tenho o hábito de pegar as Revistas da Coop e lá estava uma reportagem sobre ADOÇÃO , li e em seguida liquei para a redação da revista e me deram o telefone da Maria Inês, uma assistente Social  voluntária do Grupo de Apoio a Adoção Laços de Ternura e que trabalhava na Feasa. Ficamos mais de uma hora no telefone, onde recebi as primeiras instruções de como proceder .Comecei a participar das reuniões e através de uma advogada competentíssima entrei com a papelada e passei por todos os tramites de cadastro
.Começava ali uma batalha

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