terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PARTE 1






Família Cruz Criado: Alex, Edilene e a filha Maria Eduarda

"QUEM QUER ADOTAR VAI E ADOTA, NÃO FICA SUPONDO QUE UM DIA O FARÁ!"


O jornalista Alex no dia da chegada de Duda (com dois meses de vida) na residência do casal
A história do casal Cruz Criado ganhou forma de um diário durante a 'gravidez'. Foi uma maneira de amenizar a ansiedade pela espera. Nele estão cartas de amor direcionadas a tão esperada filha, escrita pela mãe, Edilene Cruz, publicitária de formação que trabalha como assistente de coordenação na ONG Repórter Brasil. "A chegada dela foi a coisa mais linda e maravilhosa que aconteceu em nossa vida. Resolvi encarar o meu processo de adoção como uma 'gravidez jurídica', dizia para todos que estava juridicamente grávida. Esperamos a nossa filhota por 1 ano e 9 meses - 2 meses para dar entrada no processo e passar pela entrevista com psicóloga e assistente social - e mais 1 ano e 7 meses na fila", lembra Edilene.

A espera acabou em novembro de 2006 e Maria Eduarda Criado, a Duda, chegou à família com apenas 60 dias de vida. Hoje, a pequena está com quatro anos de idade. "A adoção exige além de uma reflexão, se abrir para o inesperado. Em um processo de paternidade natural, não existe esta reflexão", diz o pai da menina, o jornalista Alex Criado, de 43 anos. A mãe de Alex acabara de morrer, e ele, que tem apenas um irmão, não teve interferência de sua família na decisão de adotar. Do lado de Edilene, a chegada de Duda conseguiu até resgatar a origem negra da avó. "Minha sogra é mulata, e nunca falou muito sobre isso, desde que eu conheci a minha esposa, ainda na época do namoro. Com a chegada da Duda, com quem ela criou uma ligação forte, houve um resgate das raízes", diz Alex.

Logo que o casal recebeu a filha, era comum ouvir coisas como "Ah, é a filha do coração né!" ou "Ah, que 'moreninha' linda". Para essas duas questões Edilene e Alex tinham as respostas na ponta da língua. "Não, ela é nossa filha! Mas é do coração também como qualquer filho biológico é, ou deveria ser. Ou seja, não usamos esse termo filho do coração, porque achamos que de certa forma estigmatiza a criança. E para a segunda, corrigimos sempre que ela é negra e não moreninha.

Apesar de já ter ouvido absurdos como 'não, moreninha é uma forma carinhosa, porque chamar de negro é algo grosseiro, ofensivo... Eu também já fui criticada por chamá-la de pretinha. Mas um dia desses a Duda nos surpreendeu corrigindo uma prima minha: 'Moreninha não, eu sou negra, sou a pretinha da minha mãe, né, mãe?'. Acho que de alguma forma ela assimilou naturalmente, mesmo ainda não tendo muita noção do que tudo isso representa", explica a mãe.

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