Brasileiro nascido em 1986 e levado para Israel por traficantes de bebês procura por sua família biológica, que pode estar em Pelotas. O caso do jovem Ron é o mesmo de dezenas de crianças levadas dos três Estados do Sul, nos anos 80.
O drama foi retratado em série de reportagens do Diário Catarinense, ...jornal do Grupo RBS sediado em Florianópolis. A repórter Mônica Foltran viajou a Israel e contou a história de jovens brasileiros que foram alvo do contrabando.
Até uma década atrás, o jovem morador de Israel Ron Yehezkel acreditava saber quem era. Hoje, espera descobrir isso no Rio Grande do Sul. Ele busca, a mais de 11 mil quilômetros de sua casa, respostas para indagações que lhe afligem desde quando descobriu ser adotado.
Ele é um dos milhares de bebês brasileiros que abasteceram um esquema de tráfico de recém-nascidos em meados dos anos 80 — e que hoje, adultos, sofrem com o desconhecimento sobre o próprio passado e tentativas frustradas de localizar e reencontrar os pais biológicos.
O drama desses órfãos, que eram buscados principalmente nos Estados do Sul devido à oferta de crianças com pele clara ao gosto dos europeus, foi revelado por uma série de reportagens publicada desde o domingo passado até este sábado no jornal Diário Catarinense, do Grupo RBS.
A apuração jornalística realizada pela repórter Mônica Foltran e pelos fotógrafos Guto Kuerten e Julio Cavalheiro localizou um grupo de emigrados em Israel, principal destino do mercado humano criado por quadrilhas especializadas que se estima terem remetido cerca de 10 mil brasileiros para a Europa entre 1985 e 1988.
Um dos bebês exportados é o estudante de Direito Ron Yehezkel, nascido Ron Lemos em 1º de setembro de 1986 na cidade gaúcha de Pelotas, segundo o que indicam seu passaporte, a certidão de nascimento e os papéis de adoção. Mas até completar 15 anos, idade em que os israelenses recebem um documento nacional de identificação, Yehezkel nem sequer sabia que havia nascido no Brasil.
A crescente desconfiança de que era adotado foi confirmada quando encontrou no quarto dos pais os papéis do registro em cartório oficializando sua entrega por parte da mãe biológica para a família europeia.
— Eu criei coragem para confrontar meus pais sobre esse assunto, e eles admitiram que eu sou adotado. Mas, até hoje, não querem cooperar, contar mais coisas — diz Yehezkel, em entrevista concedida por e-mail desde sua casa em Haifa, Israel.
Seu maior interesse, no momento, é encontrar sua família de sangue. Uma pista surgiu em março, quando uma moradora de Pelotas, Ceci Gomes da Silva, 68 anos, viu uma foto de Yehezkel em um jornal local e o achou parecido com um filho seu, também adotado.
Imaginou que a mesma mulher de quem adotou seu bebê poderia ser a mãe biológica do rapaz de Israel. Por e-mail, Ceci e familiares mantêm contato com o estudante. Foram enviadas para ele fotos de um suposto irmão, Giovane Gomes da Silva, 30 anos, que trabalha como segurança na Capital.
— Vejo algo nos olhos dele que se parece com os meus. Gostaria de fazer um teste de DNA e, caso positivo, estaria disposto a viajar ao Brasil para conhecê-los —
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