quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Adotar: Não tão simples quanto parece




É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente os direitos básicos, diz um dos artigos da Constituição brasileira, muito comum em se tratando de adoção. Não se pode negar que a atitude de uma pessoa de adotar uma criança é admirável. Contudo, existe ainda a ideia de que o processo é bonito e de que logo o pequeno estará corr
endo pela casa. Na verdade, o caminho é longo e pode ser difícil de enfrentar.

MUDANÇA
Quem pretende adotar um filho deve procurar a Vara da Infância de seu município. Lá iniciará o longo processo, que exige apresentação de diversos documentos, entrevistas com psicólogos e visitas de assistentes sociais em sua casa.
No final de 2009 a lei de adoção sofreu algumas modificações. Entre elas, criou-se o CNA (Cadastro Nacional de Adoção). No site do CNA é possível ver o número de crianças que podem ser adotadas em cada município.
A criação do cadastro limita, entre outras coisas, que o adotante busque crianças de outra cidade ou estado, explica a advogada de família Janaina Stabenow, dizendo que o objetivo é forçar os adotantes a buscar crianças nos seus municípios.

DEMORA
Há pais que esperam mais de dois anos para terem o direito de adotar. A lentidão da Justiça é, para muita gente, o fator responsável pela demora da adoção no Brasil.
Devido ao longo processo, há adotantes que recorrem ao sistema ilegal, ou seja, a adoção à brasileira. Não há dados oficiais sobre essa prática, já que essas famílias tentam se manter longe da Justiça.
Há dois anos, a jornalista Alessandra Godolle pensava em adotar. Começou a pesquisar sobre o assunto e hoje comanda um fórum de discussões sobre adoção no Orkut. Seu objetivo na internet é fazer com que as pessoas não recorram à adoção à brasileira.
Esse tipo de processo destrói famílias. Existem relatos de extorsão. Então é muito complicado, diz Alessandra, que adiou o sonho de adotar. Para ela, o processo de habilitação é essencial. Para o adotante, o longo processo serve para desmistificar o que é a adoção e serve também para proteger a criança e escolher o melhor lar para ela, defende Alessandra, mãe de dois especiais.

NÃO É SÓ ISSO
Janaina destaca também as exigências dos pais na escolha do perfil das crianças como fator importante para a demora. Uma das fases da adoção é a escolha do perfil da criança que será adotada. Os futuros pais escolhem que tipo de criança querem. Branca, negra, menino, menina, saudável ou não. Meninas, brancas e com até 12 meses são as mais solicitadas.
Contudo, a maioria das crianças dos abrigos não são assim. Para adoção, o perfil predominante é o seguinte: meninos, de 12 anos. Uma pesquisa mostrou que 70% dos pais queriam filhos brancos, sendo que 65% das crianças são negras, pardas, indígenas ou orientais. Vale lembrar que os pais querem crianças saudáveis. Portanto, na teoria, os pequenos que tenham algum tipo de doença passam na frente.
Outra questão que gera muita polêmica por parte dos pais é o fato de que o Estado não separa as crianças. Se há um bebê com mais três irmãos para adoção, todos têm de ser adotados pela mesma família. Antes de finalizar o processo, o menor passa por um estágio de convivência, na qual vai morar na casa dos adotantes. Nesse período, os pais ainda podem devolver a criança.

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